sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

22 anos depois...

Em 1.992 lá pelos meus 11-12 anos em casa tínhamos uma vitrolinha super portátil da Marca Philips. Pertencia à minha irmã. Eis as fotos retiradas da internet:



Os três discos que eu mais ouvia eram evangélicos: 2 de Ozéias de Paula (O amor é tudo e Canto Aleluia) e 1 da banda GERD - Grupo de Encontro Real com Deus -  (Jesus Cristo é).

Amava ouvi-los. Esse aparelhinho de som me encantava. Minha mãe sempre o punha para eu escutar, embora eu já soubesse mexer nele como ligar, colocar ou tirar o LP e etc.

Eu os ouvia na cozinha por falta de opção de ambiente. Minha irmã me criticava na época sempre me dizendo que ouvir as tais canções cristãs não mudariam em nada na minha vida em termos de melhoria ou algum milagre que fosse.

Eu não ligava e sempre os ouvia.

Lembro-me que quando era mais criança eu catava os discos os discos da minha mãe (como Roberto Carlos por exemplo) e os atirava no quintal para o alto. Por quê? Porque naquela época eu não sabia  - não tinha noção alguma do que viria a ser o termo 'disco voador'- e então os lançava para o ar vendo-os "voarem" pelo ar. Daí o "disco voador". Como pude? (Risos).

Mas aí, cresci, amadureci um pouquinho e aí havia chegado o momento de curtir essa preciosa sonoridade desse aparelho.

Não tínhamos mais nenhum disco de vinil em casa, mas em compensação havia o aparelhinho de vitrola quebrado.

Minha mãe mandou consertá-lo. Afinal, ele ficou anos e anos parado sem função alguma.

Naquele ano de 1992 frequentávamos na avenida Casa Verde uma igreja evangélica chamada Quadrangular. Uma vez estavam vendendo Lps da banda GERD. Minha mãe comprou esse disco e um irmão da igreja que consertava aparelhos eletrônicos arrumou a nossa vitrola.

Felicidade. Indo para casa com o som arrumado e um LP.

Ainda lembro que para testar o som, fomos a vizinha querida Zefa e sua filha e minha amiga de infância Shirley trouxe um disco de forró de Renato Leite. Ainda me lembro de algumas músicas desse disco. Mais precisamente o lado A porque o lado B estava riscado por mim e riscado de giz de lousa também por mim. Esse LP já praticamente ficou como nosso pertence. (Risos).

Funcionou. LP funcionando direitinho. Show! Curtimos os xotes, xaxados e os baiões desse disco muito bons.

Aí colocamos o LP "Jesus Cristo é" da banda GERD, depois outros e outros discos... E assim foi naqueles poucos meses de 92.

Por que poucos meses? Era quase compulsório ouvir diariamente. Minha irmã era única que se incomodava como disse acima. Ressaltando: Dizia que não era por eu estar ouvindo músicas evangélicas que minha vida melhoria (seja fosse por quaisquer aspectos).O que ela quis dizer? Escutando ou não, não mudaria em nada minha vida fosse espiritual, pessoal, física... Hunf! Enfim.

E o inesperado acontece...senão me engano...acho que foi dezembro de 1992. Mais uma vez minha mãe punha o toca discos Philips sobre o fogão da cozinha para eu ouvir. De repente a parte da saída do som cai atrás do fogão enquanto a parte que se colocava o disco ela ajeitava para mais para frente.

A princípio a queda não parecia ser séria. Mas foi. Pegou-se a parte de áudio colocando no seu lugar novamente, minha mãe tentou fazer o TD (toca disco) funcionar e nada. E foi ali que tudo acabou. Nunca mais. Nunca mais tentamos fazer ele funcionar ou mandar arrumar.

Fui para fora de casa, deitei na rede e pus-me a chorar.

Os quatro discos permaneceram lá em casa e nunca mais os escutei de novo. Simplesmente ficaram as canções sendo "tocadas" e "cantadas" na minha cabeça por anos depois.

Depois de um tempo o TD foi para o lixo e os discos também. Minha irmã foi quem jogou minhas cinco relíquias. Os discos ficavam embaixo da pia da cozinha só para se ter uma ideia. Ela alegou que estavam mofados. Será?

E assim passaram-se os anos...

No ano de 1996 as grandes fábricas de vinis como a BMG Ariola Discos Ltda que ficava na avenida Engenheiro Billings, 2227 em São Paulo e a Sony Music no Rio de Janeiro encerravam suas atividades. O CD já tomava conta na população brasileira. Os brasileiros compravam mais CDs do que LPs.

Em 1.998 tive meu primeiro aparelhinho de som que tocava CD. Os primeiros discos foram do Grupo Malícia e Exaltasamba, lançados pela então "Coleção Pagode e Axé no JT".

O ruim desse aparelho é que ele veio com defeito. Se encostava a mão o CD parava. Muitas vezes (por incrível que pareça) eu enrolava o fio elétrico do próprio som em volta dele para o CD funcionar.

Até fui agora perguntar à minha mãe se ainda tínhamos o som. Porque eu tiraria a foto para mostrá-lo. Quando nos mudamos em 2013 para um apartamento ela havia doado para um menino vizinho da antiga rua em que eu morava. (Risos!)

Cresci, procurei emprego e comecei a trabalhar...

Tendo meu próprio dinheiro poderia comprar o que fosse possível comprar. Em 2006 comprei outro toca CDs nas Casas Bahia. (Risos!)

E mais uma vez os anos se passaram.

Junho de 2014.

Ao chegar numa loja de materiais elétricos chamada Migui na avenida Mandaqui no bairro do Limão, deparei com uma jóia rara. Um TD retrô completo. Tinha entrada para toca fitas, entrada para ouvir CD, rádio AM/FM, entrada para fone de ouvido, entrada de cabo USB e cartão e memória e claro o toca discos.

Me apaixonei. Comprei no mesmo dia. Era um sábado de junho. Minha mãe ajudou a comprar. Disse que já era presente de aniversário antecipado. Custou R$ 1.100 reais. Tranquilo. Parte à prestação e parte à vista.

Pronto, 22 anos depois...

Incrível. Tive que literalmente esperar 22 anos para ter novamente um toca discos...

Hoje em dia, os vinis voltaram com a corda toda. Europa e EUA são campeões de vendas. Só em 2014 os Estados Unidos venderam mais de 15 milhões de LPs contra 9 milhões de CDs. E é entre os jovens a maior compra e demanda. Gravadoras já alegam o fim do CD para 2016-2017. Temos a única fábrica de vinis na América Latina chamada Polyson que fica em Belford Roxo, Rio de Janeiro.

Vinte e dois anos esperados que valeram a pena.

Fui a sebos no centro de SP comprar discos. Os primeiros foram de Eliana de Lima e Katinguelê.

Comprava mais discos e a compulsão de chegar em casa após o trabalho e escutar discos era gratificante.

Claro, esse TD me apresentou problemas uns dois meses depois. O motor que fazia a polia girar o disco começava a falhar até não funcionar mais.

Em outubro de 2015 levei para consertar na avenida Casa Verde na Central Técnica Elétricos e Eletrônicos. E lá se foram 4 meses. Eu indo e vindo lá quase todos os sábados e nada dele arrumar. Por quê? Porque dizia o técnico que não conseguia outra peça de motor compatível ao TD Classic (nome do toca discos retrô).

Janeiro de 2015.

Quando já estava prestes a ir buscá-lo e tentar em outra assistência depois de quase todas as semanas ligando para a Central Técnica em quatro meses, eis que ele consegue arrumar. Pronto. Estava consertado. Motor novo.

Nesse mesmo período eu havia indicado a Central Técnica para um amigo chamado Danilo consertar a caixa de som "gigante" dele, já que era DJ. Também com ele o negócio demorava. Mas arrumou.

O ano de 2015 passou e todos os meses escutando meus discos e comprando com meu amigo Rodrigo Souza (que conheci nos grupos diversos de vinilzeiros que tem no facebook). Praticamente 80% dos discos que tenho foram comprados dele. Show.

Hoje, janeiro de 2016, primeiro dia do ano e está lindo, leve o solto meu toca discos. Nunca mais tive problemas com ele. Fiz alguns ajustes nele com ajuda de outro amigo que conheci nos grupos de discos Renato, comprei correias, novas agulhas, até super bonder para deixar a rotação mais rápida.

Melhor, impossível. Melhor toca discos que tenho. Meu, meu e meu. Abaixo as fotos dele para apreciação.

Viva dos discos de vinil. Viva dos toca discos. Viva o LP. Viva a boa música.









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